sexta-feira, 24 de março de 2017

Curiosidades Bíblicas: A Cruz

Certa vez, um professor comentou em aula que a cruz era um símbolo muito feio e que lamentava que o cristianismo a tenha adotado em detrimento de um outro muito mais positivo e simpático – o peixe. “Peixe é alimento, vida; cruz é morte”, dizia ele. Hoje, penso o quanto ele estava certo e errado. Certo, porque a cruz é realmente um medonho símbolo de morte; errado, porque ela ter se tornado nosso principal elemento visual não é de se lamentar. A cruz é o centro, o coração pulsante da nossa fé. No afã de sermos bacanas, muitas vezes rejeitamos o símbolo da cruz em benefício de outros mais amenos. Ao mesmo tempo, esquecemos que tudo o que aprendemos na Bíblia tem que passar, invariavelmente, pela cruz. A grande promessa da qual o Antigo Testamento nos fala e que o Novo nos mostra cumprida repousa sobre a cruz; o terrível Dia do Senhor caiu sobre a cruz; e por isso mesmo, o perdão de Deus repousa na mesma cruz. Nela é que Cristo, nosso cordeiro Pascal, foi sacrificado em nosso lugar (1Co 5.7). Aquele momento foi tão intenso, terrível e angustiante – quando Deus despejava a ira contra o pecado do mundo inteiro sobre seu Filho – que esse homem bradou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Foi inacreditavelmente severo. Jesus estava sozinho lá, e sabia disso. A cruz também é a mais pura contradição: para o judeu, era e é um escândalo que o glorioso Messias seja o Servo Sofredor de Isaías 53; para os gentios, um absurdo inaceitável na qual um justo paga por um criminoso. Como escreveu Paulo, “os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Co 1.22-23). É isso mesmo: escândalo e loucura. Mas tirem a cruz da nossa fé e sobrará apenas uma religião igual a qualquer outra. A cruz é tão central que o único ritual que Jesus nos deixou – a Santa Ceia – é a celebração e memória da Sua morte. “Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim” (Lc 22.19). Fazemos isto – ou deveríamos fazer – todas as vezes que nos reunimos como igreja: lembrar o que Cristo fez. É o único motivo para nos reunirmos. Fora disso, somos clube mesmo. Por estas razões é que co-memoramos (isto é, co-celebramos, lembramos juntos) neste feriado de Sexta-Feira Santa e Páscoa a imensidão da obra que foi feita por Deus. Por isso tudo, não precisamos e não devemos tentar maquiar o que aconteceu: encontramos a salvação naquele dia terrível. Sim, naquela cruz horrorosa. Mas somente passando por ela é que encontraremos a bela e serena manhã da ressurreição.

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